O comportamento do senhor de 81 anos contrastava com a animação nos arredores do Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília. Enquanto a maioria das 68.351 mil pessoas que chegavam à arena para assistir Suíça x Equador pulava, cantava e interagia com outros torcedores, Paco Suarez estava sozinho e quieto. Ele celebrava a Copa do Mundo à sua própria maneira: pendurou um banner em homenagem ao ponta-direita Garrincha em uma grade próxima à entrada do estádio.
A reverência a um dos maiores jogadores da história (“Mané Garrincha – Te recordamos”, estampa um dos dizeres) tem dois motivos: o carinho de Paco pelo Brasil e a admiração pelo futebol irreverente do craque que batiza a arena de Brasília. “Desde pequeno, sou brasileiro de coração”, conta o equatoriano de Manabí, cidade litorânea localizada a três horas de Guayaquil. “Vi o Garrincha jogar ao vivo num jogo do Botafogo contra o Barcelona do Equador”, explica.
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Paco também acompanhou, pelo rádio e pelos jornais, a performance de Garrincha nas Copas do Mundo de 1958, 1962 e 1966. E decidiu ver os mundiais de perto a partir de 1970. Ele jura jamais ter perdido uma edição do evento desde então. A esposa era a companheira de viagem, mas faleceu há quatro anos. Por isso, o torcedor veio sozinho ao Brasil. “Tenho seis filhos, mas são todos adultos e estão ocupados com o trabalho”, diz o equatoriano, que chegou ao país de avião.
O tempo de permanência de Paco no Brasil dependerá do desempenho do Equador, cuja situação está complicada no Grupo E, após a derrota por 2 x 1 na estreia. Ele garantiu os ingressos para os jogos da seleção contra Honduras, em Curitiba, e França, no Rio de Janeiro. Resultados à parte, o gosto pelo futebol habilidoso permanece. “Gosto muito do Arroyo (equatoriano que entrou no segundo tempo contra a Suíça), pois joga de forma alegre como o Garrincha, e do Neymar”.
Alguns torcedores curiosos que viam o banner de Garrincha se aproximavam de Paco e pediam para tirar fotos com ele. Eram recompensados com pequenas lembranças, como balas, bonés, camisetas e sombreiros. “Pegue uma camiseta também. Insisto”, disse ao repórter, pouco antes de recolher os pertences e entrar no estádio.